VEJA NOSSAS OBRAS



Veja aqui nossas obras selecionadas
por Estados brasileiros

 


Login
Usuário ou Email

Senha




Cadastre-se!
   

Visitantes
  
Usuários Online:
Membros:
0
Anônimos: 10
  

O MARCHAND PONTUAL E SEU ACHADO Retirada de hotel, obra de Portinari é oferecida por US$ 2 milhões

Istoé Dinheiro 01/09/2004


Murais que valem ouro

Nas ruas e em edifícios, valiosos painéis
de artistas renomados se deterioram. Recuperá-los pode ser um ótimo negócio

Por Marco Damiani

O marchand carioca Maurício Pontual sabia que estava diante de um tesouro ao percorrer com os olhos, no início do ano, o painel pintado sobre 70 mil pastilhas coloridas afixado no hall do antigo Hotel Comodoro, no centro de São Paulo. Sabia também que ali, presa a uma parede mal iluminada, esquecida, a preciosidade não tinha valor comercial. Desenhado pelo maior artista plástico brasileiro, datado de 1952/53 e assinado, o painel “Os Bandeirantes”, de Cândido Portinari, com seus 7,63 metros de extensão por 2,50 metros de altura, convivia com um destino marcado: apodrecer. Vassouradas, mãos de cera e lavagens inadequadas tornaram opacas suas cores originais em vermelho, amarelo e azul. Parecia haver pouco a fazer, mas o marchand fez arte. “Comecei a sonhar em tirar o Portinari de seu esconderijo”, disse Pontual à DINHEIRO. Realizado de ponta a ponta, o sonho virou realidade quinze dias atrás, a custo baixo e com perspectiva de lucro alto. Seu exemplo pode ajudar a salvar outros tesouros escondidos nas grandes cidades brasileiras.

Neste momento, aos olhos da população paulistana se deterioram na Av. 23 de Maio quatro painéis gigantescos assinados por Clóvis Graciano. São de 1969 e contam a história do desenvolvimento paulista. “Posso removê-los em 10 dias de trabalho”, calcula o restaurador Luís Sarasá, o homem que acaba de retirar da parede do Comodoro, intacto, o painel de Portinari. O custo para o resgate do Graciano e sua alocação num ponto mais nobre é de cerca de R$ 40 mil por painel. E mais tesouros se espalham, discretos, por São Paulo. No bairro de Higienópolis há outros Gracianos e, num edifício no centro, um belíssimo Di Cavalcanti já sofre com a ação de obras físicas mal dimensionadas. A capital Brasília, coalhada de obras de grandes dimensões de Athos Bulcão, continua a ser um exemplo de preservação de painéis.

À LUZ DO DIA Em São Paulo, Graciano (no alto, à esq.), Buffoni (abaixo) e Di (no alto, à dir.) em ambientes abertos

“Os Bandeirantes”, de Portinari, já é um caso único. Amigo da família do artista, responsável por vendas históricas como a do óleo “Festa de São João”, em 1998, por US$ 1,6 milhão ao colecionador argentino Eduardo Constantini – o que seria o maior valor já pago por um quadro de artista brasileiro –, Pontual em janeiro mesmo fez uma acordo comercial com os donos do hotel e, portanto, do painel. À base do meio a meio na hora da venda, ele bancou os custos para a retirada da obra. Descobriu em São Bernardo do Campo o ateliê de Sarasá. Foi Sarasá, poucos anos atrás, que resgatou da entrada do túnel Laranjeiras, no Rio, o mural de Djanira que hoje está no Museu de Belas Artes. “Agora usei uma técnica inédita, com a retirada de uma só vez do painel”, conta. “Não perdi nem meia dúzia de pastilhas.” O trabalho foi imprensado sobre uma placa de aço e, pela parte de trás, a parede foi quebrada até chegar às pastilhas. Um guindaste se encarregou da retirada da obra para o atellier de Sarasan, onde está hoje recebendo retoques de restauração.

Pontual, neste ínterim, se preparava para vender a obra. Montou um estande na feira de artes realizada quinze dias atrás na Hebraica, em São Paulo. Expôs a foto do painel e esperou. O banqueiro Olavo Setubal se apaixonou. “Ligue para o Roberto (Setubal, presidente do Itaú), temos espaço na entrada da nossa sede”, disse Olavo ao marchand no sábado 14. A secretária estadual de Cultura, Cláudia Costin, saiu à cata de um local público para expor a obra. Mas os executivos da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) pularam na frente. Acertaram com Pontual a exposição do painel em sua sede, a partir de 30 de setembro. Ali será lançado o livro dos 100 anos do nascimento de Portinari. A BM&F demonstrou forte intenção de comprar o painel. Preço: US$ 2 milhões. Quem dá mais?



      Estudio Sarasá na restauração de Portinari
      Mosaico de Portinari é exposto na BM&F
      Restauração de mosaico 'Bandeirantes' está pronta

Voltar